sexta-feira, 8 de junho de 2012

GENTE QUE CHEGA, GENTE QUE VAI


No porto, aeroporto, heliporto, ou até no terminal de carga, o que importa é ser esperado. É bom sentir-se desejado como um bombom de cacau, mas com diz Drummond, também há encantos em “esperar alguém na estação”. O que importa é a conjugação do motivo com a emoção do momento.

            A ida pode até ter pouca graça, mas a chegada! Ela, tem seus encantos.

            Quem viaja com freqüência sabe a diferença entre ser ou não ser esperado. Sabe também distinguir a formalidade do encontro com o motorista da empresa na sala de espera dos aeroportos, do ôba-ôba dos recepcionistas das agências de turismo (com suas “discretas” plaquinhas), do abraço de um amigo, dos parentes dos ou de um amor. Quem nunca sentiu uma pontinha de inveja ao testemunhar aquele beijo cinematográfico no saguão do Galeão? “Morde aqui, pra ver se sai coca-cola!” Claro que você queria estar no lugar dele (ou dela). Além do beijo, aquelas flores. Pensa que não vi o seu olhar de desejo?

            Mas não se pode desconsiderar a tranqüilidade do ir e vir sem ter que dar satisfações a ninguém. Nada daquela chatice de gente chorando (melecando a aba do terno novinho – e você lembrando do preço da lavanderia, do trânsito que ia ter que enfrentar), tapinha nas costas e, o tradicional: – “Volte em breve”. Ou,  – “Vamos ficar lhe aguardando para comer uma caranguejada” (e você morre de medo-nojo do “petisco”, tendo que sorrir).

Tem de tudo nessas idas e vindas. Cansaço, tesão, primo chato que merece um bofetão, sempre falando e pegando em você. Tem pra todos os gostos. O lado bom do ir e vir das “estações” está nas diferenças, sem isso as viagens seriam todas iguais.